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22.4.08

Pablo Neruda




Neftalí Ricardo Reyes, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973).Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas.
Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967).
Em 1974, foi publlicado o volume autobiografico Confesso que vivi. (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).
POEMAS

O PoçoCais, às vezes, afundasem teu fosso de silêncio,em teu abismo de orgulhosa cólera,e mal conseguesvoltar, trazendo restosdo que achastepelas profunduras da tua existência.Meu amor, o que encontrasem teu poço fechado?Algas, pântanos, rochas?O que vês, de olhos cegos,rancorosa e ferida?Não acharás, amor,no poço em que caiso que na altura guardo para ti:um ramo de jasmins todo orvalhado,um beijo mais profundo que esse abismo.Não me temas, não caiasde novo em teu rancor.Sacode a minha palavra que te veio ferire deixa que ela voe pela janela aberta.Ela voltará a ferir-mesem que tu a dirijas,porque foi carregada com um instante duroe esse instante será desarmado em meu peito.Radiosa me sorrise minha boca fere.Não sou um pastor docecomo em contos de fadas,mas um lenhador que comparte contigoterras, vento e espinhos das montanhas.Dá-me amor, me sorrie me ajuda a ser bom.Não te firas em mim, seria inútil,não me firas a mim porque te feres.Pablo Neruda
O teu risoTira-me o pão, se quiseres,tira-me o ar, mas nãome tires o teu riso.Não me tires a rosa,a lança que desfolhas,a água que de súbitobrota da tua alegria,a repentina ondade prata que em ti nasce.A minha luta é dura e regressocom os olhos cansadosàs vezes por verque a terra não muda,mas ao entrar teu risosobe ao céu a procurar-mee abre-me todasas portas da vida.Meu amor, nos momentosmais escuros soltao teu riso e se de súbitovires que o meu sangue manchaas pedras da rua,ri, porque o teu risoserá para as minhas mãoscomo uma espada fresca.À beira do mar, no outono,teu riso deve erguersua cascata de espuma,e na primavera, amor,quero teu riso comoa flor que esperava,a flor azul, a rosada minha pátria sonora.Ri-te da noite,do dia, da lua,ri-te das ruastortas da ilha,ri-te deste grosseirorapaz que te ama,mas quando abroos olhos e os fecho,quando meus passos vão,quando voltam meus passos,nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,mas nunca o teu riso,porque então morreria.Pablo Neruda
Tuas mãosQuando tuas mãos saem,amada, para as minhas,o que me trazem voando?Por que se detiveramem minha boca, súbitas,e por que as reconheçocomo se outrora entãoas tivesse tocado,como se antes de serhouvessem percorridominha fronte e a cintura?Sua maciez chegavavoando por sobre o tempo,sobre o mar, sobre o fumo,e sobre a primavera,e quando colocastetuas mãos em meu peito,reconheci essas asasde paloma dourada,reconheci essa argilae a cor suave do trigo.A minha vida todaeu andei procurando-as.Subi muitas escadas,cruzei os recifes,os trens me transportaram,as águas me trouxeram,e na pele das uvasachei que te tocava.De repente a madeirame trouxe o teu contacto,a amêndoa me anunciavasuavidades secretas,até que as tuas mãosenvolveram meu peitoe ali como duas asasrepousaram da viagem.Pablo Neruda
Se cada dia caiSe cada dia cai, dentro de cada noite,há um poçoonde a claridade está presa.há que sentar-se na beirado poço da sombrae pescar luz caídacom paciência.Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
EsperemosHá outros dias que não têm chegado ainda,que estão fazendo-secomo o pão ou as cadeiras ou o produtodas farmácias ou das oficinas- há fábricas de dias que virão -existem artesãos da almaque levantam e pesam e preparamcertos dias amargos ou preciososque de repente chegam à portapara premiar-noscom uma laranjaou assassinar-nos de imediato.Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
AconteceBateram à minha porta em 6 de agosto,aí não havia ninguéme ninguém entrou, sentou-se numa cadeirae transcorreu comigo, ninguém.Nunca me esquecerei daquela ausênciaque entrava como Pedro por sua causae me satisfazia com o não ser,com um vazio aberto a tudo.Ninguém me interrogou sem dizer nadae contestei sem ver e sem falar.Que entrevista espaçosa e especial!Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
Quero saberQuero saber se você vem comigoa não andar e não falar,quero saber se ao fim alcançaremosa incomunicação; por fimir com alguém a ver o ar puro,a luz listrada do mar de cada diaou um objeto terrestree não ter nada que trocarpor fim, não introduzir mercadoriascomo o faziam os colonizadorestrocando baralhinhos por silêncio.Pago eu aqui por teu silêncio.De acordo, eu te dou o meucom uma condição: não nos compreenderPablo Neruda (Últimos Sonetos)
A Noite na Ilha
Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde nossos sonos se uniram na altura e no fundo,em cima como ramos que um mesmo vento move,embaixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escurome procurava como antes, quando nem existias,quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora - pão, vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida.Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra meu braçorodeava tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra,de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia.
Pablo Neruda
Antes de amar-te, amor, nada era meuVacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome:O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos,Túneis habitados pela lua,Hangares cruéis que se despediam,Perguntas que insistiam na areia.Tudo estava vazio, morto e mudo,Caído, abandonado e decaído,Tudo era inalienavelmente alheio,Tudo era dos outros e de ninguém,Até que tua beleza e tua pobrezaDe dádivas encheram o outono.
Pablo Neruda
Aqui eu te amo.Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.Fosforece a lua sobre as águas errantes.Andam dias iguais a perseguir-se.
Descinge-se a névoa em dançantes figuras. Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.Só.As vezes amanheço, e minha alma está úmida.Soa, ressoa o mar distante.Isto é um porto.Aqui eu te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velha âncoras.São mais tristes os portos ao atracar da tarde.Cansa-se minha vida inutilmente faminta..Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.Mas a noite enche e começa a cantar-me.A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.E como eu te amo, os pinheiros no vento, querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.
Pablo Neruda
Áspero amor, violeta coroada de espinhos,cipoal entre tantas paixões eriçado, lanãa das dores,corola da colera, por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente,entre as folhas frias do meu caminho? Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?que flor, que pedra, que fumaãa mostraram minha morada? O certo é que tremeu noite pavorosa, a aurora encheu todas as taãas com teu vinhoe o sol estabeleceu sua presenãa celeste,enquanto o cruel amor sem trégua me cercava, até que lacerando-me com espadas e espinhos abriu no coração um caminho queimante.
Pablo Neruda
De noite, amada, amarra teu coração ao meu e que eles no sonho derrotem as trevas como um duplo tambor combatendo no bosque contra o espesso muro das folhas molhadas. Noturna travessia, brasa negra do sonho. Interceptando o fio das uvas terrestres com pontualidade de um trem descabelado que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,à tenacidade que em teu peito bate.
Com as asas de um cisne submergido,para que as perguntas estreladas do céu responda nosso sonho com uma só chave,com uma só porta fechada pela sombra.
Pablo Neruda
Dois...Apenas dois. Dois seres... Dois objetos patéticos. Cursos paralelos Frente a frente... ...Sempre... ...A se olharem... Pensar talvez: “Paralelos que se encontram no infinito...”No entanto sós por enquanto.Eternamente dois apenas.
Pablo Neruda
O Vento na Ilha
O vento é um cavaloOuça como ele correPelo mar, pelo céu.Quer me levar: escutacomo recorre ao mundopara me levar para longe.
Me esconde em teus braçospor somente esta noite,enquanto a chuva rompecontra o mar e a terrasua boca inumerável.
Escuta como o ventome chama calopandopara me levar para longe.
Com tua frente a minha frente,com tua boca em minha boca,atados nossos corposao amor que nos queima,deixa que o vento passesem que possa me levar.
Deixa que o vento corracoroado de espuma,que me chame e me busquegalopando na sombra,entretanto eu, emergidodebaixo teus grandes olhos,por somente esta noite
descansarei, amor meu.
Pablo Neruda
Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho. Amor, dor, trabalho, devem dormir agora. Gira a noite sobre suas invisíves rodas e junto a mim és pura como ambâr dormido... Nenhuma mais, amor, dormira com meus sonhos... Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.Nenhuma viajará pela sombra comigo, só tu. sempre viva. sempre sol... sempre lua... Já tuas mãos abriram os punhos delicados e deixaram cair suaves sinais sem rumo... teus olhos se fecharam como
duas asas cinzas, enquanto eu sigo a água que levas e me leva.A noite... o mundo... o vento enovelam seu destino, e já não sou sem ti senão apenas teu sonho...
Pablo Neruda
Gosto quando te calas
Gosto quando te calas porque estás como ausente,e me ouves de longe, minha voz não te toca.Parece que os olhos tivessem de ti voadoe parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha almaemerge das coisas, cheia da minha alma.Borboleta de sonho, pareces com minha alma,e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncioclaro como uma lâmpada, simples como um anel.És como a noite, calada e constelada.Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.Distante e dolorosa como se tivesses morrido.Uma palavra então, um sorriso bastam.E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Pablo Neruda
Para meu coração basta teu peitopara tua liberdade bastam minhas asas.Desde minha boca chegará até o céuo que estava dormindo sobre tua alma.
E em ti a ilusão de cada dia.Chegas como o sereno às corolas.Escavas o horizonte com tua ausênciaEternamente em fuga como a onda.
Eu disse que cantavas no ventocomo os pinheiros e como os hastes.Como eles és alta e taciturna.e intristeces prontamente, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.Te povoa ecos e vozes nostálgicas.eu despertei e as vezes emigram e fogempássaros que dormiam em tua alma.
Pablo Neruda
Plena mulher, maçã carnal, lua quente, espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, que obscura claridade se abre entre tuas colunas? que antiga noite o homem toca com seus sentidos?Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:amar é um combate de relâmpagos e dois corpospor um so mel derrotados.Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia corre pelos tênues caminhos do sangue até precipitar-se como um cravo noturno, até ser e não ser senão na sombra de um raio.
Pablo Neruda
Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços. A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la.A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
Talvez
Talvez não ser,é ser sem que tu sejas,sem que vás cortandoo meio dia com umaflor azul,sem que caminhes mais tardepela névoa e pelos tijolos,sem essa luz que levas na mãoque, talvez, outros não verão dourada,que talvez ninguém soube que cresciacomo a origem vermelha da rosa,sem que sejas, enfim,sem que viesses brusca, incitanteconhecer a minha vida,rajada de roseira,trigo do vento,
E desde então, sou porque tu ésE desde então éssou e somos...E por amorSerei... Serás...Seremos...
Pablo Neruda
Vês estas mãos? Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais, fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distânciasde todos os mares e rios, e, no entanto, quando te percorrem a ti, pequena, grão de trigo, andorinha, não chegam para abarcar-te, esforçadas alcançam as palomas gêmeas que repousam ou voam no teu peito, percorrem as distâncias de tuas pernas, enrolam-se na luz de tua cintura. Para mim és tesouro mais intenso de imensidãoque o mar e seus racimos e és branca, és azul e extensa como a terra na vindima. Nesse território, de teus pés à tua fronte, andando, andando, andando, eu passarei a vida.
Pablo Neruda
Walking Around
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,do meu cabelo e até da minha sombra.Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria deliciosoassustar um notário com um lírio cortadoou matar uma freira com um soco na orelha.Seria beloir pelas ruas com uma faca verdee aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,com fúria e esquecimento,passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,e pátios onde há roupa pendurada num arame:cuecas, toalhas e camisas que choramlentas lágrimas sórdidas.
Pablo Neruda
É assim que te quero, amor,assim, amor, é que eu gosto de ti,tal como te vestese como arranjasos cabelos e comoa tua boca sorri,ágil como a águada fonte sobre as pedras puras,é assim que te quero, amada,Ao pão não peço que me ensine,mas antes que não me falteem cada dia que passa.Da luz nada sei, nem dondevem nem para onde vai,apenas quero que a luz alumie,e também não peço à noite explicações,espero-a e envolve-me,e assim tu pão e luze sombra és.Chegastes à minha vidacom o que trazias,feitade luz e pão e sombra, eu te esperava,e é assim que preciso de ti,assim que te amo,e os que amanhã quiserem ouviro que não lhes direi, que o leiam aquie retrocedam hoje porque é cedopara tais argumentos.Amanhã dar-lhes-emos apenasuma folha da árvore do nosso amor, uma folhaque há-de cair sobre a terracomo se a tivessem produzido os nosso lábios,como um beijo caídodas nossas alturas invencíveispara mostrar o fogo e a ternurade um amor verdadeiro.
Pablo Neruda
Tu eras também uma pequena folhaque tremia no meu peito.O vento da vida pôs-te ali.A princípio não te vi: não soubeque ias comigo,até que as tuas raízesatravessaram o meu peito,se uniram aos fios do meu sangue,falaram pela minha boca,floresceram comigo.
Pablo Neruda
Dois amantes felizes não têm fim nem morte,nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,são eternos como é a natureza.
Pablo Neruda
Não te quero senão porque te quero,e de querer-te a não te querer chego,e de esperar-te quando não te espero,passa o meu coração do frio ao fogo.Quero-te só porque a ti te quero,Odeio-te sem fim e odiando te rogo,e a medida do meu amor viajante,é não te ver e amar-te,como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,seu raio cruel meu coração inteiro,roubando-me a chave do sossego,nesta história só eu me morro,e morrerei de amor porque te quero,porque te quero amor,a sangue e fogo.
Pablo Neruda
Os teus pés
Quando não te posso contemplar Contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado, Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam E que teu doce peso Sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios, A duplicada purpura Dos teus mamilos, A caixa dos teus olhos Que há pouco levantaram voo, A larga boca de fruta, Tua rubra cabeleira, Pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés É só porque andaram Sobre a terra e sobre O vento e sobre a água, Até me encontrarem.

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